Acordei com um raio de sol a cintilar no meu olho direito. Eram 10 horas, pois é Sábado! Tenho-o como um dia de descanso tal como o Domingo é dia para a família. Abri a persiana e consequentemente a janela, estava uma temperatura agradável para uma manhã de Março. De imediato fui consultar o "Guru dos Ventos" (windguru), a coisa prometia lá para os lados de Esposende: 13 nós e vento de Norte! Partilhei a informação com a minha mulher que de imediato sugeriu que levasse os miúdos para poderem "espraiar".
- Meninos querem ir para Ofir?!
Resposta óbvia: QUEREMOS!!!
Preparamos o material de kitesurf e de bodyboard e pusemo-nos a abrir para Esposende, mais concretamente para a praia de Ofir. Quando nos aproximamos da praia o vento fazia-se ouvir. Saí do carro para averiguar o estado do mar e, claramente, do vento. O mar prometia, ondas relativamente baixas, bastantes carneirinhos no mar, pelo que de acordo com a escala de Beaufort deveriam estar entre 25 a 35 nós. A areia percorria junto à praia a grande velocidade, à velocidade do vento...
Entrei no carro a bater o dente. Falei com os meus filhos Joana e Guilherme explicando o estado do tempo e que provavelmente não poderiam ir ao mar... Não ficaram desanimados. A Joana decidiu ficar pelo carro a ouvir música e a estudar. O Guilherme optou por ir comigo, montar a tenda "two seconds" num local abrigado pelas dunas e ler um livro ao som de um musicol do "mp4", enquanto eu me preparava. Coloquei a asa (kite) no ar e constatei que a coisa estava para homens de barba rija. Não desanimei e entrei pelo mar dentro com aquele verdadeiro espírito de aventura: bora lá!
Após umas não-sei-quantas cambalhotas e mais umas peripécias lá consegui velejar por uma boa distancia. Mas não demorou muito o vento começou a soprar demasiadamente, a asa caiu subitamente na água embrulhando-se nas linhas e a coisa complicou-se... de imediato accionei os sistemas de segurança e vim a nado para terra, ficando a asa no mar ao sabor do vento...
O Guilherme e a Joana já se encontravam no mar, pois não demoraram muito a conseguir lidar com a impaciência de estar ao lado do mar com tudo que é necessário e não praticar bodyboard. "Pergunta ao cego se quer ver..." Preocupados por me verem sem a asa contei-lhes o sucedido e fui descendo a praia acompanhando a asa. Por perto já se encontrava um praticante com a intenção de ajudar a com diversas tentativas de trazê-la para terra - pois de facto nesta modalidade existe um espírito de entre-ajuda muito invulgar noutras modalidades. Frustrado veio ter comigo e contou-me que as linhas estavam bastante enroladas e que pouco havia a fazer senão esperar que o mar me devolvesse a minha querida asa, da Best, modelo Waroo 9, respectivas linhas e a barra.
Não demorou muito e a asa foi embater, contrariando as minhas expectativas, contra a barra enrolando-se em volta das rochas... Enrolei-o e meti-me a caminho de volta para o carro com um óbvio sorriso nos lábios comentei com o colega que me tinha tentado ajudar que já não vinha ao mar desde Outubro... e é assim, quem anda por gosto não se cansa!...
Marco de Canaveses
Sábado, 13 de Março de 2010.
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